sexta-feira, 30 de agosto de 2013

O Porto mudou, mas quem vem continua a atravessar o rio

 

 Estrangeiros e emigrantes ocupam os seus lugares nos barcos que sobem e descem o Douro. As caves, as pontes e os monumentos continuam a atrair curiosos à cidade, que nos últimos anos voltou à ribalta.

 Ao lado da ponte D. Luís há um relíquia do passado, que tem já um toque de futuro. É um dos pilares da antiga ponte pênsil, desmontada ainda no século XIX e onde agora fica uma moderna esplanada, quase em cima do Douro. O Porto reinventado é um íman de turistas, novos e velhos, que enchem hotéis, hostels e alugam quartos na cidade. Muitos vêm de carro, outros de avião "low cost" e, para quem ainda pode, em voos de companhias aéreas regulares.

Alguns metros ao lado, o "Cenários do Douro", um dos barcos da Douro Azul está prestes a partir. A embarcação leva os turistas, com vista privilegiada para as duas cidades ribeirinhas: Porto e Vila Nova de Gaia.

Zé Manel e Maria são dois nomes bem portugueses, mas este casal, o único no barco numa manhã cinzenta de Agosto só está cá de férias. Vivem em Paris há mais de 40 anos. "Já fizemos esta viagem antes. É muito bonito". O barco vai até à Afurada, terra de pescadores, e dá a volta. À direita, o edifício da Alfândega do Porto contrasta com os modernos prédios de habitação do outro lado do rio.

Há 40 anos em França, Maria e Zé Manel têm um português praticamente perfeito. Ele é canalizador e ela gerente num centro logístico. Vieram de carro até à Póvoa do Varzim, a terra natal dos dois. "Já fomos às caves, já vimos tudo", explicam. A conversa rapidamente passa a ser sobre a crise. "Em França os impostos são cada vez mais elevados", confessam os emigrantes. Mas para Zé Manel e Maria, o Porto continua igual a si mesmo.