Estrangeiros e emigrantes ocupam os
seus lugares nos barcos que sobem e descem o Douro. As caves, as pontes e os
monumentos continuam a atrair curiosos à cidade, que nos últimos anos voltou à
ribalta.
Ao lado da ponte D. Luís há um
relíquia do passado, que tem já um toque de futuro. É um dos pilares da antiga
ponte pênsil, desmontada ainda no século XIX e onde agora fica uma moderna
esplanada, quase em cima do Douro. O Porto reinventado é um íman de turistas,
novos e velhos, que enchem hotéis, hostels e alugam quartos na cidade. Muitos
vêm de carro, outros de avião "low cost" e, para quem ainda pode, em
voos de companhias aéreas regulares.
Alguns metros ao lado, o
"Cenários do Douro", um dos barcos da Douro Azul está prestes a
partir. A embarcação leva os turistas, com vista privilegiada para as duas
cidades ribeirinhas: Porto e Vila Nova de Gaia.
Zé Manel e Maria são dois nomes bem
portugueses, mas este casal, o único no barco numa manhã cinzenta de Agosto só
está cá de férias. Vivem em Paris há mais de 40 anos. "Já fizemos esta
viagem antes. É muito bonito". O barco vai até à Afurada, terra de
pescadores, e dá a volta. À direita, o edifício da Alfândega do Porto contrasta
com os modernos prédios de habitação do outro lado do rio.
Há 40 anos em França, Maria e Zé
Manel têm um português praticamente perfeito. Ele é canalizador e ela gerente
num centro logístico. Vieram de carro até à Póvoa do Varzim, a terra natal dos
dois. "Já fomos às caves, já vimos tudo", explicam. A conversa
rapidamente passa a ser sobre a crise. "Em França os impostos são cada vez
mais elevados", confessam os emigrantes. Mas para Zé Manel e Maria, o
Porto continua igual a si mesmo.